O Fusca azul - p09

  Ele acordou bem-humorado hoje. Fez um café, arrumou a casa e lavou a louça. Foi no quarto, pegou a carteira e chaves, chamou o cachorro e saiu.
  Havia um parque ali perto, então levou o cachorro para correr um pouco e aproveitou para espairecer também. Quando cansaram, sentaram-se abaixo de uma grande árvore. Olhou para a paisagem e achou interessante fazer um desenho da vista. Ele teve muitos detalhes para fazer: crianças que brincavam no escorregador, que faziam castelinhos na areia, se divertiam na gangorra e entre os mais diversos brinquedos. Havia também casais que passeavam por ali, ficavam de namoricos, e se divertiam com jogos entre eles. E os fez muito bem detalhados, por mais que fosse feito à caneta, se conseguia ver toda a cena que ali estava acontecendo, somente naqueles "rabiscos", como ele diria.
  Desenhava muito bem, por mais que não admitisse, constantemente era elogiado por quem via, e por mais que desenhar não fosse seu foco, ainda assim desenhava constantemente e ao final sempre fazia uma assinatura: uma pequena estrela envolta por um semicírculo, do mesmo jeito que fez quando criança naquele desenho.
  Estava tão envolto naquele cenário, naquela paisagem, que só se deu conta disso quando ouviu o canto de bem-te-vi que estava na árvore onde ele estava escorado. Do seu lado estava seu cachorro dormindo, deu um leve sorriso, retirou o celular do bolso e tirou uma foto dele, e postou dizendo: eu vim respirar, ele dormir.
  Levantou-se e caminhou até seu fusca, que estava à poucos metros dele e abriu o porta-luvas e pegou seu antigo caderno, olhou novamente aquele desenho e retirou cuidadosamente aquela página, junto com mais uma em branco. Escreveu algo e o dobrou junto ao desenho e chamando ao cachorro, foi numa papelaria comprar um envelope, e assim que saiu de lá, enviou para seu cunhado. Logo que o fez, uma sensação de esperança surge em seu peito. Então, volta para seu carro e vai pra casa, preparar sua janta e roupa para trabalhar no dia seguinte. 

parte 9 - início da primavera
Matheus H.




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