Arte e Amor - p07

 A iluminação do local era boa também, nada muito forte ou fraco, mas que deixava o ambiente num tom quente e aconchegante. Acho que por isso o tom dos instrumentos, paredes e móveis, combinavam tanto com a iluminação e deixava aquele ambiente aconchegante.

— Aqui, coloque os fones. — Ele me pediu pegando os fones grandes.

— Não pode colocar na caixa de som? — Pergunto e ele nega.

— Estão com problemas, preciso trocar eles. — Explicou e levantei do sofá e fui até ele, que assim que me aproximei levantou e indicou a cadeira para eu sentar, assim fiz, coloquei os fones. — Vou colocar. — E ele se inclinou e apertou o play.

Era só instrumento, mas era um som gostoso e agradável. O som do violino, piano e depois guitarra e bateria. Tudo muito harmonioso e gostoso de se ouvir. Poderia ser aquelas músicas para ficar ouvindo enquanto estuda ou trabalha. Fechei os olhos e deixei que o som me dominasse e cheguei a sentir meu corpo arrepiar. Aquilo era arte e daquelas que entram em sua mente e corpo, que chegam até a alma.

— Uau, é incrível até me arrepiei. — Apontei apara o meu braço.

— Bom saber que você gostou. É para um trabalho em grupo. — Ele disse se inclinando na mesa, o que deixou nossos rostos próximos, e ele me olhou e engoli em seco. Ficamos alguns segundos naquela posição então abaixei a cabeça.

— Está ótimo. É arte pura. — Comento risonha, mas era a forma de dar uma relaxada na tensão que ficou. Levantei e deixei os fones na mesa, voltando para o sofá. Ele se sentou e virou para mim, novamente.

— Posso te pedir uma coisa? — Ele perguntou e confirmei com a cabeça. — Pode fazer um desenho ou pintura minha aqui no estúdio?

— Tipo agora?

— Sim, tipo agora. — E ele riu timidamente. — Você se importa? — Ele perguntou e neguei.

— Posso pegar minha bolsa que está na sala? — Perguntei e ele revirou os olhos.

— É óbvio. — Ele abriu a porta e fui pegar minha bolsa. Voltei e sentei no sofá. — Você trouxe tinta também? — Confirmei.

— Então era por isso que você pediu para trazer minha tintas? Queria uma pintura sua?

— Exatamente. — Ele sorriu. — Espera um pouco. — Ele saiu e em alguns minutos ele voltou com um tela em branco. — Tudo bem fazer aqui? Comprei a tela já considerando colocá-la na minha sala.

— Você tem certeza disso? — Perguntei desconfiada e ele confirmou.

— Sim, é o que eu quero.

— Fica numa posição em que você se sinta confortável. — E ele sentou na cadeira dele.

— Escolha uma posição para mim. Não sei como ficar. — Ele comentou e olhei para ele e depois fiquei observando ao redor.

— Que tal você sentado onde está, tocando alguma coisa, não sei… o teclado ao lado, ou mexendo nos botões da mesa.

— Mas vou ficar de costas para você. Quero que mostre meu rosto.

— Então fique de frente para mim, faça pose… a mão no queixo e com o cotovelo apoiado no encosto da cadeira. — E ele ficou na posição.

— Tá bom assim?

— Está ótimo. Você quer pintura aquarela, ou…

— Do jeito que você quiser. Mas eu queria que fosse a óleo.

— Essa demora mais.

— Tudo bem. É o que eu quero. Quero a mesma intensidade que tem os quadros da sua exposição. — Fiquei olhando Yoongi e tentando entender porque ele queria aquilo, mas acredito que não conseguiria resposta de imediato. Talvez tentasse tirar isso dele no decorrer que pintava.

— Quer tomar água ou ir no banheiro, antes de começar? — Perguntei e ele negou.

Peguei meus materiais, coloquei próximo de mim e me arrumei para começar a desenhar.

— Quer um banquinho? — Perguntou e neguei. — Nem mesmo para suas coisas?

— Oh, se for por isso, eu quero. — E ele riu, e foi buscar, e logo voltou com um banquinho pequeno de plástico. O coloquei ao meu lado e coloquei minhas coisas, assim ficaria melhor de alcançar. — Quietinho agora.

— Sim senhora. — E ele sorriu.

— Vai ser com você sorrindo para o quadro? — E ele ficou sério.

— Não. Não consigo ficar muito tempo sorrindo. — E ri. Comecei a desenhar o esboço no quadro dele.

— Sabe… Gosto muito do formato do seu rosto. — Olho para ele, mas não tem nenhuma reação. Continuo o desenhando, dando cada detalhes a ele e ao local ao seu redor. Em torno de 1 hora depois, já tinha terminado os elementos que tinham naquele local. — Pode descansar um pouco.

— Uau até que não foi cansativo. — Ele comentou e dei risada.

— A parte pior vai vir querido. A pintura é mais demorada, o desenho até que fiz rápido, mas a pintura exige mais detalhes e cuidado.

— Eu aguento. — Ele fala e dou risada.

— Espero que sim. — Comento. Começo a preparar a tinta na paleta, separo os pincéis e a espátula, além do óleo.

— Está duvidando da minha resistência? — A ironia era evidente em sua voz, o que me fez rir.

— Estou, para alguém que ficou todo dodói com um tapinha no ombro. — E ele riu.

— Você me deu um soco.

— Nem foi forte.

— Mas ainda é um soco.

— Chorão. — E começamos a rir.

— Posso confessar algo? — Ele perguntou de repente e olhei para ele confirmando. — Sinto-me muito bem quando estou com você.

— Então somos dois, Yoon. — E ele sorriu. — Agora vamos pintar.

Comecei as pinceladas na tela, e ele não falou nada e eu estava concentrada no que eu fazia, mas estava curiosa com aquele pedido inusitado e maluco.

— Posso perguntar uma coisa? — E ele resmungou afirmando. — Por que queria que te pintasse?

— No decorrer que nos conhecemos mais, e eu observava seus desenhos e pinturas, e depois sua exposição, eu percebi e entendi como elas tinham uma profundidade enorme, mostrando beleza que está além da figura, mas está na textura dos pincéis que você utilizou, as cores que parecem dançar e que fluem e transbordam o sentimento que aquela tela quer transmitir. Eu me apaixonei.

Aquela explicação tinha me deixado sem palavras e sem reação, fiquei olhando o Yoon e não sabia o que dizer, não estava conseguindo nem mesmo lhe agradecer por ver isso no meu trabalho, simplesmente porque estava emocionada com suas palavras tão incríveis. Se tinha alguém apaixonado naquele ambiente, esse alguém era eu.
Arte e Amor - parte 7
J.Lis


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