Arte e Amor - p02

Estava caminhando pela rua, procurando pelo estúdio que teria a exposição de um amigo, ele fazia sua estreia aqui na Coreia do Sul, achei meio longe, já que moramos no Brasil e fazer isso do outro lado do mundo, por ser a única a dar uma oportunidade para ele, era loucura. Mas fui a única que o apoiou, já que seus pais não acreditavam que Arte poderia lhe dar algum futuro, era coisa de maconheiro drogado... sempre a mesma ladainha de gente preconceituosa.


E com essas pessoas com mentes negativas ao seu redor, resolvi o incentivar com a exposição de suas fotos aqui, e para isso, foi preciso que eu viesse junto. Deixando para trás um emprego de meio período num consultório médico, para ajudá-lo. Poderia dizer que foi uma loucura o que fiz, mas ele só tinha a mim, assim como só tinha ele.

Minha mãe não me apoiava nessa decisão, mas quando Guilherme disse isso poderia abrir portas para mim, assim que as pessoas vissem meus desenhos, ela concordou. Mesmo que contra gosto, mas concordou. Gui foi na frente para arrumar as coisas por lá, e eu fiquei até o final do mês para dar tempo de encontrar uma substituta. O que foi rápido e logo estava arrumando as minhas coisas para vir para o outro lado do mundo.

No caminho para a exposição do Gui, vi uma pessoa derrubar vários papéis no chão, ela estava com o braço direito enfaixado, corri até ela e comecei ajudar a pegar os papéis, a pessoa também se abaixou e tentou ajudar a colher, mas num de seus movimentos, ela caiu sentada no chão e ri.

— Pode deixar que eu pego. — Comento e a pessoa não pareceu entender o meu inglês, então me arrisquei no meu coreano fajuta.

— Desculpa, estou te dando trabalho. — Era um homem, e ele havia entendido meu coreano péssimo.

Está tudo bem. — falo mais uma vez e junto todos os papéis os arrumando bonitinho. Levanto e ajudo o homem também, só dava para ver seus olhos, já que ele estava com capuz do moletom na cabeça e de máscara. E que olhos! Mostravam sua profundidade intensidade.

Obrigado. — Ele reverencia.

Imagina — Imito ele e lhe entrego os papéis, mas quando ele os arruma no braço, eles quase caem. — Não é melhor comprar uma sacolinha ali. — E apontei para uma loja de conveniência,  e ele dá de ombros, mas geme de dor logo em seguida. — Fique aqui, já volto. — Corri até a loja e fiquei procurando por alguma sacola, ou pasta.

E no fim achei, paguei rapidamente no caixa e voltei correndo para onde estava o homem, mas ele não estava mais lá. Bufei frustrada e quando resolvi começar a andar, ouvi tossirem atrás de mim. Olhei e era o homem.

— Desculpa, precisei sentar para ver se conseguia arrumar meu sapato. — Olho para seu pé e vejo o sapato desamarrado.

Vou te ajudar. — Me abaixo e amarro seu sapato. — Prontinho. — Pego as folhas de sua mão e coloco na sacola. — Não tem mais risco de cair. — Comento risonha

Não mesmo. — Ele ri também. — Muito obrigado.

Está tudo bem. — Começo a caminhar novamente, então lembro que não estava achando o estúdio onde o Gui estava. Virei para trás e vi o homem me olhando, me aproximei dele e ele deu um passo para trás. — Desculpa, será que pode me ajudar também? - E ele confirma.

— Sabe onde fica esse estúdio aqui? - Aponto para a tela do meu celular e ele olha, e depois confirma com um balanço de cabeça. Ele tentou me explicar, mas como sou uma anta em pessoa e que não estava entendendo tão perfeitamente o coreano dele, resolveu me levar até o local. Pelo menos isso entendi. O caminho todo fomos em silêncio, e quando chegamos ao local, fiquei super aliviada e feliz, havia chegado na hora certa. Agradeci muito o homem e entrei no local.

Fiquei procurando pelo meu melhor amigo e o encontrei todo elegante num terno, conversando com algumas pessoas, que pareciam ser importantes. Ele me olhou e sorriu, acenando para mim. Retribuiu e gesticulei que iria dar uma volta e ele confirmou com um balanço de cabeça. Eu que não iria me aproximar dele dessa forma, eu estava de calça jeans, camiseta de banda de rock e uma botina preta nos pés, sem contar meu cabelo cacheado solto.

Aquela tarde de exposições do Gui foi um sucesso, muitas pessoas vieram para ver sua artes e isso chamou até jornalistas locais para entrevistar ele. O que achei o máximo! Meu amigo merecia tudo isso e muito mais.

 Arte e Amor - parte 2
J.Lis


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