O Fusca azul - p03

   Naquele dia ele realmente estava muito animado, voltou para casa depois de ter passado na casa de ração, pois decidiu que ficaria com o cachorro, que até então estava querendo doar. Ao chegar em casa recebeu uma ligação, dessa vez da sua chefe pedindo para ele ir ao trabalho no dia; ele nunca tinha sido convocado ao trabalho na sua folga, achou estranho, mas concordou mesmo assim.
  Ele ficou muito pensativo sobre o motivo de ser chamado já que era um dia tranquilo. Chegando no trabalho, deixou o carro no estacionamento e foi em direção ao vestiário, mas antes de chegar lá, a sua chefe lhe viu e o chamou para a sala dela. A sensação de que algo ruim estava para acontecer estava alta, e só um pensamento passava pela sua cabeça: “Eu serei demitido.”. Não estava errado, ele realmente seria demitido, mas não pelo motivo de ser um funcionário ruim. Uma empresa grande de restaurantes gostaria de abrir uma franquia no lugar, e o restaurante ficava no lugar ideal para seus negócios. O dono não aceitou vender o local, mas decidiu alugar, pois saberia que daria muito mais lucro para ele. A empresa de restaurantes decidiu também que demitiria os funcionários, porém eles poderiam se candidatarem novamente assim que as reformas terminassem, algo que duraria alguns meses, pois teria que estar de acordo com os seus padrões. Como ele já tinha trabalhado tempo o suficiente, ele foi avisado antes de todo os outros, pois ainda não tinha tirado férias.
  Ele já estava esgotado de trabalhar lá, mas estava acomodado demais para procurar outro emprego, até agora. Como soube que após suas férias não teria mais emprego, ele decidiu ir até casa de seus pais, que ficava noutra cidade. Então, aproveitou para colocou sua casa para alugar, já que ele tinha uma pequena casa lá perto de seus pais, e também daria uma renda extra até conseguir um novo emprego. Porém, quis aproveitar as suas férias antes de fazer a mudança temporária. Pegou o cachorro, sua mochila de viagem, entrou no carro e foi à praia, num lugar onde sabia que não teria ninguém, pois não era em lugar urbano. Ele só conhecia esse lugar pois sua namorada, alguns anos atrás lhe apresentou. Era o lugar favorito dos dois, e quase todo mês eles iam para lá. Seria a primeira vez depois de 2 anos que ele voltaria para aquela praia, só que acompanhado de um filhote, e com um carro. Ele tinha planejado tudo para ficar a tarde toda por ali antes de sair da cidade. Mas ele não contava que suas memórias o fariam chorar de saudades do tempo em que ele brincava feito criança na água salgada; do tempo em que ele não ficava somente dentro de casa, pois sempre tinha planos com sua amada; do tempo em que ele sorria ao ver que alguém era feliz só por estar com ele. A saudade bateu muito forte, mas ele acabou olhando para cima e sorriu, como se estivesse agradecendo por tudo.
  A tarde já tinha acabado e o sol já estava posto atrás do oceano, deu uma última volta em direção ao local aonde eles sempre iam, e viu que as iniciais deles ainda estavam por lá, desenhado com pedras, num lugar onde não ventava e nem batia água, e mais uma vez ele chorou. Se recuperando emocionalmente, renomeou a praia que eles tinham batizado juntos; a praia dos amantes, agora seria: praia das memórias.

parte 3 - praia das memórias
Matheus H.



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