O Ipê Amarelo - p10

   No primeiro raiar do sol
  Quando seu brilho atingir o orvalho
  No alto topo de um alto carvalho
  Eu pensarei em você.

  Despertador toca, ansiosamente ela pega o celular para lhe mandar um bom dia, mas decide não ser tão ansiosa e prefere deixar para conversar no trabalho, o que não adianta muito. Toma banho, toma café, alimenta o gato e quase esquece o celular em casa. Cantarolando segue ao trabalho tão bem arrumada e perfumada que parece que estava indo à uma festa. Sentiu o cheiro de pão quentinho que só aquele padeiro sabe fazer, entrou lá e comprou um sonho de creme, pois sabia que ele gostava, o qual também tinha passado mais cedo e comprado um churros de chocolate sabendo que ela gostava. A cada passo que ela dava, mais ficava ansiosa e menos segura de como agir. Treinando o que queria dizer à ele e mesmo assim estava nervosa sobre o que ia dizer. O posto já estava aberto, o fluxo de clientes estava calmo. Ela percebeu seu nervosismo, então parou, respirou fundo e abriu a sua loja. Ao sentar e pegar o celular, alguém entra, é ele. Entrou e foi em direção à ela, dizendo que gostaria de conversar com ela, então à convidou para almoçar.

  Enquanto o relógio fazer tictac
  E o galo toda manhã cantar
  Até a última estrela parar brilhar
  Não irei te esquecer

  Depois do almoço, ela planejava dizer o que já estava querendo desde que tudo se esclareceu na sua mente, porém ficou travada e não conseguiu dizer nenhuma palavra. Então ele à levou ao parque antes de voltarem à trabalhar, e chegando lá, ela interrompeu o que ele diria, e falando rápido antes que ficasse travada novamente. Falou sobre as duas crianças serem eles dois, e que não acredita que o seu amigo e vizinho era o mesmo garoto de infância que ela à tanto tempo estava procurando, e já estava perdendo a esperança de encontrá-lo. E disse também que aquela flor se tornou sua favorita naquele dia, pois gostava dele. Ele sorriu, e retrucou dizendo que seus planos para quando encontrasse aquela garota, era que ele chamaria ela para almoçar e depois iria procurar um ipê e sentar com ela em baixo dele para conversar sobre o tempo que passou. E continuou dizendo que sua maior tristeza de infância era não ter conseguido entregar o pedido, e que também já estava sem esperança de encontrar ela, até que percebeu que a pessoa que ele mais procurava e que ele gostava, era ninguém menos que sua amiga e vizinha. Sendo assim ele à chamou até aquele ipê na hora do almoço, o lugar favorito dele, para lhe contar isso tudo.

  Não importa a distância
  Se terá terra ou mar no caminho
  Se será na estrada ou nos trilhos
  Meu destino final sempre será você

  Então pegou um lindo arranjo de flores que ali havia deixado antes de chamá-la, entregou à ela e disse:
— Dessa vez, não deixarei para outro dia. Minha querida amiga e vizinha, gostaria de namorar comigo?
  Ela então levantou-se depressa, e antes que percebesse estava chorando e com uma imensa explosão de emoção e sentimento, aceitou cinco vezes o pedido. E abraçando-a foram interrompidos pela chuva que chegava, então voltaram correndo para o posto e então dispersaram-se aos seus trabalhos, mas não conseguiram se concentrar durante o resto do dia trabalhado.
  O namoro que posteriormente transformou-se num belo casamento celebrado no parque mesmo, mas muito bem organizado e montado com vista ao belo pôr do sol e o casal abaixo do grande ipê amarelo.

  Como as flores do Ipê
  No momento mais cinza, você apareceu
  Entrou no meu mundo, e de cor encheu
  Sou feliz por ao meu lado te ter

  A última casa não era mais dividida, reformaram e deixaram única novamente, mas uma grande casa é vazia com somente duas pessoas, ao menos era isso que eles achavam, então tiveram um casal.
  Certo dia ela desceu ao porão, onde não iam à um tempo, pegou novamente seu último caderno e reescreveu sua últimas palavras, agora com um desfecho feliz. Finalizou o caderno, lacrou junto aos outros e subiu as escadas, saindo de lá olhou para a cozinha e viu seu esposo fazendo careta junto ao seu filho e filha e fazendo ainda uma dança maluca. Seu coração sorriu, e consigo mesma disse:
— Não existe outro lugar, onde eu desejaria estar.

O IPÊ AMARELO
parte 10 - caderno lacrado.
Matheus H.



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